domingo, 31 de maio de 2009

Olhares sobre o cotidiano

Quem nunca recebeu um texto atribuído a Arnaldo Jabor? Na esmagadora maioria, essas mensagens que circulam pela Internet são falsas. Mas em todas elas encontramos frases sarcásticas e irônicas (ou que pelo menos tentam ser). Essa é a grande prova da marca registrada do discurso do cineasta. Se um anônimo escreveu um texto e quer que alguém leia, trata logo de torná-lo "atrevidinho" para conseguir circulá-lo pela web.

E é justamente essa veia - adorada por muitos, odiada por outros muitos - que vemos no blog de Jabor. Embora bastante desatualizado - fato para o qual há uma justificativa -, o blog é interessante e funciona como uma fonte segura para quem quer saber a opinião do comentarista, sem precisar questionar a autenticidade do texto.

Essa história de "ame-o ou odeie-o" faz lembrar até um outro crítico famoso, citado também no blog de Bruno Mazzeo: Paulo Francis. O post dedicado ao jornalista é um exemplo claro do que o humorista filho de Chico Anysio faz em seu espaço virtual: um diário pessoal, sempre temperado com suas piadinhas e trocadilhos já tão conhecidos de todos graças ao programa "Cilada" (uma cria do canal Multishow que hoje também é apresentada no "Fantástico", da Globo).

Parafraseando Mazzeo, eu classificaria Arnaldo Jabor como mais "uma pessoa que não se limita a dar uma notícia, mas a comenta, opina, bota o dedo na ferida". A mim, o estilo dele agrada. Jabor - assim como fazia Paulo Francis - tem a coragem para, muitas vezes, expressar o que pensa a grande maioria de seus leitores e ouvintes. E também os telespectadores, já que a participação dele nos telejornais da Globo soa sempre como uma válvula de escape das emoções naquele jornalismo tão carente de opinião - embora, é preciso reconhecer, isso esteja mudando, com a reformulação em curso que a emissora faz em seu jornalismo.

Tanto Mazzeo, quanto Jabor trabalham com uma só substância: o cotidiano. E lançam sobre ela seu olhar, quase sempre embebido de humor e crítica. Os temas variam, mas, de uma forma ou outra, acabam se tocando. Chego até a crer que, se Jabor tivesse um "Bloglog", talvez ele estivesse entre os endereços preferidos de Mazzeo. Já o contrário, acharia difícil de acontecer - principalmente se levarmos em conta, como tantos afirmam, o ar de empáfia e superioridade que parece acompanhar constantemente o cineasta carioca em suas incursões textuais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário