sábado, 16 de maio de 2009

Regra número 1: interessar

Joelmir Tavares

Outro dia comentávamos na aula da professora Rita Louback, de Assessoria de Comunicação, uma característica básica que qualquer instrumento de comunicação precisa ter como meta, se deseja ter sucesso: deve, antes de tudo, interessar. É engraçado como essa premissa tão elementar pode passar despercebida, neste mundo feito, cada vez mais, de jornalismo institucional e rotina maçante de redação.

A discussão pendeu para o mesmo lado em uma aula da professora Daniela Serra, de Cibercultura e Jornalismo Digital, quando se falou sobre a chave para a eficácia da publicidade no ciberespaço: só será bem-sucedida se der conta de avaliar primeiro os interesses de seu público, para depois oferecer produtos e serviços.

Interessar. Eis a questão. Talvez seja essa falha que desqualifique o Objetividade Criativa. Parece-me pouco provável que uma coletânea de comentários de pessoas pouco ou nada habilitadas (entre as quais me incluo), que se propõem a dissecar, julgar, analisar, elogiar ou criticar espaços da Internet – no caso, Canto do Inácio e Cinema com Rapadura –, pareça produtiva e desperte vontade de ler. Se bem que, surpreendentemente, é possível encontrar na rede públicos para os mais diversos – e exóticos – tipos de produtos (até mesmo, sabe-se lá, para este blog experimental de alunos de Jornalismo)...

Escrevo isso porque considero que a credibilidade da fonte, mesmo na era virtual, é um fator preponderante na legitimidade que o leitor vai conferir ou não a determinado emissor. É justamente esse critério que conta muitos pontos a favor de Canto do Inácio – e coloca o seu “nível de interesse” nas alturas. Ainda que o endereço do crítico na plataforma Blogspot – como já apontado por tantos aqui neste blog – tenha falhas, é incontestável a sua legitimidade. Afinal, trata-se – goste-se ou não – da produção do crítico de cinema do jornal mais respeitado do país, a Folha de S.Paulo.

A quantidade de comentários é pequena, principalmente se compararmos o blog “marginal” de Araújo com o “oficial”, hospedado no portal UOL, pertencente ao Grupo Folha. Mas, se observarmos com atenção o nome dos leitores que opinam sobre os posts, veremos que o crítico tem um público fiel, mesmo que sua frequência de postagens no blog nem chegue perto da média de 15 notícias diárias do Cinema com Rapadura.

Não quero, entretanto, cair na arriscada tentativa de comparar Canto do Inácio e Cinema com Rapadura. São espaços bastante diferentes, tanto na origem, quanto na forma e na dinâmica de funcionamento, apesar de abordarem o mesmo assunto. O que deve ser levado em consideração é que as características dos dois podem, cada vez mais, se mesclar, beneficiando autores e leitores.

Isto é: nada impede que Inácio Araújo torne seu blog mais atrativo aos olhos dos internautas ligados em hipertextualidades e hiperlinks diversos, inserção e valorização das imagens, atualizações mais constantes. Já a equipe do Cinema com Rapadura poderia ganhar audiência se investisse na elaboração de mais conteúdo próprio, para que, aos poucos, construa e qualifique seu público. Como disse, não me considero apto a indicar “caminho das pedras” para ninguém, mas acredito que essa pode ser uma alternativa para o crescimento desses dois ambientes de discussão da sétima arte.

Um comentário:

  1. Joelmir,

    Embora concorde com você sobre o desafio de 'interessar', não posso deixar de ficar feliz com o resultado acadêmico de um blog como este. Talvez o desafio aqui seja meu: o de tentar fazer interessante alguma atividade avaliativa, a fim de que ela não tenha a nota como objetivo maior. Que o desejo de conhecer e de experimentar seja maior do que a angústia de um resultado pragmático.
    Enfim, seu texto é uma beleza!

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