sexta-feira, 29 de maio de 2009

O gosto da boa crítica

O que Bruno Mazzeo e Arnaldo Jabor tem em comum?
Bom, em princípio, apenas a fantástica capacidade de criticar com doses precisas de humor e perspicácia.


Existem dois tipos de crítica que me agradam: a primeira, e sem dúvidas, a mais prazerosa, é a aquela que se vale do humor para evidenciar o absurdo. Nessa, os dois escritores revelam-se muito competentes. Trata-se de uma espécie de olhar de cronista, temperado com aquela inteligência chargista capaz de invocar risos e ponderações.

Há também um outro tipo de crítica, que é aquela que nos deixa com um gosto amargo ao término da sua leitura. Nesse caso, o humor dá lugar a contestações áridas a respeito de uma realidade qualquer, que, por sua vez, deixa de funcionar apenas como matéria-prima para o escracho social, tornando-se assim, uma fonte de uma reflexão mais profunda sobre as condutas e caminhos do mundo no qual vivemos e pelo qual somos responsáveis. Aqui, o jornalista Arnaldo Jabor executa um trabalho mais profícuo, apesar da sua grande vocação ser mesmo a crítica realizada através das sutilezas da ironia.

Ainda nesse contexto, podemos dizer, sem medo de incorrer em erros, que as análises de Jabor possuem mais densidade que as de Mazzeo. Não que este seja raso, ou que o material produzido por ele seja de qualidade inferior, mas o próprio universo temático de cada um acaba sendo responsável por isso. Arnaldo Jabor discorre principalmente sobre política e sociedade, enquanto Mazzeo fala de quotidianidades, de esportes, de filmes, de músicas e da sua rotina como ator e roteirista. Seu próprio programa no “Multishow”, o “Cilada”, apresenta essa característica: a partir de situações banais do dia a dia, o escritor vai desnudando aspectos constituintes do modo de agir e pensar, do indivíduo e da coletividade. O sucesso da atração foi tanto, que Mazzeo estreou recentemente no “Fantástico”, da “Rede Globo”, o que ironicamente chamou de “Cilada” em "versão pocket para as massas". Entretanto, é importante considerar que esse panorama só pôde ser traçado a partir da análise do blog de Mazzeo, e considerando o personalismo desse espaço virtual, é preciso distingui-lo de uma página que apenas publica – ou publicava, já que o endereço parece estar esquecido – as crônicas de Jabor.

De qualquer forma, Mazzeo e Jabor nos proporcionam excelentes leituras, e é isso que importa. O blog de Mazzeo vale ser visitado de vez em quando, pois conta com posts muito divertidos e escritos com originalidade. Já a página indicada para as leituras de Jabor encontra-se em desuso, e tendo em vista a importância fundamental da atualidade para o sentido da crítica, acredito ser mais válida a leitura da coluna do jornalista na sua página no site do jornal “O Globo”. O endereço segue abaixo:

http://colunas.jg.globo.com/arnaldojabor

Postagem de Rafael Drumond

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