domingo, 7 de junho de 2009

O "contra" e o "a favor" juntos na mesma notícia

Liberdade de expressão no jornalismo, hoje, para alguns não passa de um ideal. Para os que pensam assim, os donos/responsáveis/editores das grandes mídias e dos principais jornais impressos de circulação nacional/regional têm total parcela de culpa nessa história. E de acordo com eles, politicagem, bairrismo, preconceito e, consequentemente, uma censura disfarçada domesticam esses meios de comunicação.

Sendo assim, a solução seria fugir para um lugar onde a voz do povo fosse ouvida: internet, TVs públicas e publicações “independentes” (palavra tão excessivamente usada, que na maioria das vezes já não revela o seu verdadeiro significado).
Seriam nesses meios que, a princípio, todos teriam vozes. Esquerda e direita, pobre e rico, ateu e evangélico. Enfim, o excêntrico e o comum.

Aí, quem estivesse com vontade de botar pra fora o que lhe incomoda, nadaria de braçadas. E o que reclama que tudo aquilo que é veiculado naqueles grandes meios de comunicação, antes de chegar a ele, é peneirado, passa por um crivo, teria a chance de ouvir/ler/ver todos os lados de uma mesma notícia. E, assim, formar a sua opinião.

Antes de apontar defeitos e qualidades de uma empresa ou profissional de comunicação, é preciso ter cuidado. Refletir. Questionar. (Afinal, já virou lugar comum há muito tempo falar que tal jornal e/ou emissora é vendido(a) e o que vale a pena ser lido é o que passa longe do mercado.)

As TVs públicas realmente são públicas? É feita pelo “povo” e pensando no “povo”? Um blog como o Língua de Trapo é democrático? O jornalismo da Globo é carente de opinião? Será que não existe nenhum profissional dentro do Estado de Minas comprometido com o “fazer jornalismo” e que tenha responsabilidade ao apurar uma notícia antes de passá-lo para o papel?

Ser contra por ser contra (e o cara que é contra, para muitos, é o mais legal) é ingenuidade. A liberdade de expressão não é só um ideal, é essencial para a formação de uma sociedade mais justa e democrática. Mas liberdade de expressão de ambos os lados. Isso implica na característica primária do jornalismo: a imparcialidade. Uma revista cuja linha editorial é “contra o sistema” (mais uma expressão clichê) deveria ouvir quem é a favor desse mesmo sistema. Assim como um canal televisivo deveria mostrar sempre duas maneiras diferentes de pensar a política, educação, economia, cultura, etc.

É bem provável que, por isso, o efeito surtido no leitor do blog de Ricardo Noblat seja maior no que do internauta que costuma acessar o Língua de Trapo. O jornalista, por transitar por divergentes caminhos, talvez consiga promover uma reflexão verdadeira (e não uma militância gratuita) naquele que lê o que ele escreve.

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